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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.
ISBN: 978-65-5692-029-0
Editora: Todavia POD
A carreira do jornalista Guga Chacra é marcada por coberturas de grandes acontecimentos geopolíticos internacionais. Ele viu de perto a primeira Guerra de Gaza e a queda de um presidente em Honduras, em 2009. Acompanhou o terremoto no Haiti, em 2010, a crise econômica argentina, entre 2000 e 2001, além das últimas três eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Guga esteve em países como Líbano, Síria, Jordânia, Egito, Israel, Palestina, Iêmen, Omã e Emirados Árabes. Ao fazer reportagens em zonas de conflito e locais de tragédias naturais, sabe que depois poderá ir para uma região segura.
E essa foi a primeira constatação a que o jornalista chegou durante a pandemia: nenhum lugar é seguro. Pouco tempo antes de seu agravamento, durante o programa “Em Pauta”, da GloboNews, ele comentou sobre o caso de um pai com uma filha pequena na Síria. Ele tentava distraí-la com uma brincadeira, tentando adivinhar se o barulho que ouviam era um avião ou uma bomba.
Pouco tempo depois, éramos nós tentando distrair as crianças sobre os motivos de não ir à escola como em outros dias, sob o risco de infecção de toda a família.
31 de dezembro de 2019. Guga voltava a Nova York para o plantão de fim de ano, depois de passar o Natal com a família no Brasil. Na redação da GloboNews, leu uma reportagem no site da BBC sobre um novo vírus surgido na China.
Pouco tempo antes, ele havia lido outros textos sobre o risco iminente de uma pandemia. Seu medo de uma doença infecciosa provocando milhões de mortes ao redor do mundo, como consequência do aquecimento global, sempre esteve rondando. Mas no caso da covid-19, não se alarmou.
Afinal, somos psicologicamente treinados para sofrer mais o impacto de crises imediatas e agudas do que de ameaças genéricas. Isso tanto para escolhas individuais como também para as de governos.
No fundo, a maioria de nós imaginava que a pandemia acabaria como a Sars, controlada anos atrás. Estávamos enganados. Guga também estava. E mesmo no começo da crise, o jornalista chegou a imaginar que em poucos meses a vida voltaria ao normal. Seu maior lamento é o fato de pessoas com grande poder de decisão, como governantes e políticos de todos os espectros, não terem ouvido o alerta de cientistas desde o começo.
Há casos conhecidos, inclusive, em que a ciência não é levada em consideração até hoje.
Ao ver o crescimento exponencial do número de casos na Itália, Guga Chacra mudou sua visão sobre a gravidade da pandemia. Diariamente, por volta do meio-dia, ele fazia um trabalho de consultar a imprensa italiana sobre o número de casos e mortes.
No começo de março de 2020, Guga parou de ir de metrô para a redação da TV Globo em Nova York, optando por percorrer as noventa quadras de distância a pé, em um percurso de uma hora e quarenta minutos. Mas a imensa maioria da população nova-iorquina ainda usava transporte coletivo, sem máscara.
Para o jornalista, estava bem claro: dezenas de milhares de pessoas certamente se infectariam nos vagões, usados por milhões de pessoas todos os dias. O número de mortos nos países europeus ainda estava na casa de dezenas, enquanto a China já chegava a 3 mil vítimas fatais.
Naquela primeira quinzena de março, a sensação começou a mudar. O sentimento de que a pandemia chegaria com muita força aos Estados Unidos tomou conta do autor, cujos amigos, a maioria morando em São Paulo, o chamavam de alarmista.
Ao dizer a um amigo que seria impossível organizar uma festa de casamento em abril, foi chamado de pessimista, disseram que ele estava torcendo pelo pior. Quando milhões de telespectadores se emocionaram ao ver seu choro durante participação no programa Manhattan Connection, o jornalista previa tempos difíceis pela frente. Infelizmente, Guga não estava errado. No YouTube, é possível encontrar o registro dele baixando a cabeça, quase como uma criança. Ali, o prognóstico de dias piores fazia dele um dos profissionais mais competentes de sua geração, alguém com muito medo do destino de familiares, amigos e milhões de pessoas em seu país e por todo o mundo.
Já passamos da metade deste microbook e é hora de falar do Brasil. Por aqui, a pandemia foi trazida pelas classes sociais mais altas, retornadas de férias em países europeus.
Na América do Sul, alguns países como Uruguai e Paraguai tiveram um bom desempenho no começo do combate à covid-19, já que seus líderes adotaram medidas de isolamento social rigorosas, contando com o apoio da população. Nesses casos, a ciência foi seguida, diferentemente do ocorrido nas nações dirigidas por Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Com muito pesar, Guga Chacra lamenta o posicionamento de autossabotagem do governo federal com o então Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Enquanto ele adotava uma postura educativa e informativa a respeito da gravidade do vírus no Brasil, o presidente defendia a hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada.
Sua demissão, seguida pelas poucas semanas em que Nelson Teich comandou a pasta, culminando no general Eduardo Pazuello assumindo interinamente o cargo até ser efetivado, reforçou o negacionismo do presidente e explica um pouco de como a pandemia no Brasil chegou ao estágio de total descontrole.
Devido às declarações negacionistas do presidente Jair Bolsonaro e de Ricardo Salles — seu Ministro do Meio Ambiente — a respeito das mudanças climáticas e das queimadas na Amazônia, o Brasil já era visto como pária por boa parte do mundo.
Foi esse tipo de postura que levou o Museu de História Natural de Nova Iorque a impedir uma homenagem ao presidente organizada pela Câmara do Comércio Brasil-Estados Unidos em suas instalações. Isso sem falar nas barbaridades ditas sobre a comunidade LGBTQIA+, indígenas e negros, colocando-o como figura repudiada pelos líderes civilizados.
Vale lembrar também as agressões verbais direcionadas a líderes como Emmanuel Macron, pouco depois da assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia. Na pandemia, a coisa ficou ainda pior.
Uma consultoria de risco político dos Estados Unidos chegou a afirmar que Bolsonaro seria o pior governante do o mundo democrático no combate à covid-19. Entre idas e vindas, brasileiros ficaram impedidos de embarcar em diversos países e não há sinal de quando o cenário vai mudar.
De pária ambiental, o Brasil se tornou um pária pandêmico, uma forte ameaça ao mundo contemporâneo pela disseminação irrefreada do novo coronavírus na terra que, em outros tempos, era famosa pelo carnaval, samba e futebol. Triste época, a nossa.
27 de maio é o aniversário de Guga Chacra. Em 2020, ele completou seus 44 anos fazendo dois meses e meio sem nadar. Para a maioria das pessoas, parece pouco. Para o jornalista, é uma eternidade.
Em diversas ocasiões, ele comentou sobre a dependência que sente da água. A sensação de entrar na água, notar a mudança de temperatura, dar braçadas para se mover e se desligar do mundo sem ser interrompido por uma mensagem no celular é uma de suas preferidas.
Em sua vida de correspondente internacional, já nadou piscinas públicas e privadas de Paris, Berlim, Beirute, Rio de Janeiro, Istambul, Jerusalém, Londres e Damasco. E não se incomoda em passar até quatro horas dentro de uma piscina, como já fez em um dia de folga.
Seu gosto pela água é tão grande que já leu todas as biografias dos nadadores mais conhecidos, além de ter passado boa parte da juventude em um time de polo aquático de um clube paulistano frequentado por sua família.
Na última vez que nadou antes de adotar o isolamento social, despediu-se do segurança do ginásio frequentado com aperto no coração, pois sabia do longo tempo que passaria longe daquele local. Agora, em meio ao caos pandêmico, Guga se sente mergulhado no noticiário sobre a disseminação da covid-19, a luta pela vacinação em massa e a conscientização da importância do distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos para conter o vírus.
Guga Chacra espera que possamos todos sair desse mergulho o quanto antes, conseguindo respirar fundo e voltar a uma vida razoavelmente normal.
A pandemia de covid-19 nos afetou em todos os cantos do mundo. E não importa qual sua origem, profissão ou história. Cada um de nós se viu acuado, precisando se proteger da peste e se assustando com os desmandos políticos do começo de 2020 e ainda hoje. A visão apurada de Guga Chacra, conhecido por seus comentários precisos e alto conhecimento sobre geopolítica na GloboNews, permite análises para além do óbvio, em um tempo de notícias cada vez mais velozes. Que possamos todos, em breve, respirar após esse verdadeiro mergulho no caos.
Outro bom livro sobre esses tempos pandêmicos é Um paciente chamado Brasil. Nele, Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da saúde, conta os bastidores de um governo sem vontade de conter o espalhamento do novo coronavírus.
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Gustavo Cerello Chacra, conhecido também como Guga Chacra (São Paulo, 27 de maio de 1976) é um jornalista, comentarista de política internacional dos telejornais Em Pauta e Jornal das Dez, do canal GloboNews, desde abril de 2012. É integrante fixo do programa GloboNews Internacional desde janeiro de 2017. Chacra também assina uma coluna semanal na editoria Mundo do jornal O Globo desde maio de 2017 e trabalha no Grupo Estado desde julho de 2007. Está sediado em Nova Iorque, cidade onde mora desde agosto de 2005. Apresentou também o boleti... (Leia mais)
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